Vista aérea da Arena MRV ao pôr do sol, cobertura listrada em cinza e branco e a cidade ao fundo com luz dourada.

De Levir a Cuca: A Montanha-Russa de Técnicos do Atlético Mineiro (2015–2025)

O Atlético Mineiro é um dos clubes mais tradicionais e apaixonantes do futebol brasileiro. Reconhecido por sua torcida vibrante e pela busca constante por títulos, o Galo passou, na última década, por uma verdadeira montanha-russa de treinadores. De 2015 a 2025, foram diversas mudanças no comando, com retornos de técnicos consagrados, apostas em nomes estrangeiros e algumas tentativas de projetos de longo prazo que não se consolidaram.

Neste artigo, vamos revisitar essa trajetória, destacando os principais nomes, conquistas, fracassos e o impacto dessa instabilidade na construção da identidade do clube.


Técnico em plataforma curva tipo montanha-russa; estádio com listras preto-e-brancas sob céu metade sol, metade tempestade.
A Montanha-Russa do Atlético

1. O início da caminhada: transições após 2015

Em 2015, o Atlético ainda surfava na onda do título da Copa Libertadores de 2013, mas já enfrentava um processo de renovação. Levir Culpi, que havia conquistado a Recopa Sul-Americana e a Copa do Brasil em 2014, encerrou sua passagem ao fim daquele ano. A saída de Levir marcou o início de uma série de mudanças rápidas, que se tornariam um padrão no clube.

  • Diego Aguirre (2015–2016) chegou com prestígio, trazendo a promessa de futebol competitivo. No entanto, não resistiu a eliminações duras e deixou o cargo em poucos meses.
  • Marcelo Oliveira (2016) assumiu em um período turbulento, chegando até a final da Copa do Brasil daquele ano, mas sem conseguir estabilizar o time.
  • Entre 2016 e 2017, o Atlético viveu um vaivém constante: Roger Machado, Rogério Micale e Oswaldo de Oliveira se revezaram no comando.

Esse início da década revela um traço característico: a busca imediata por resultados, muitas vezes sem paciência para consolidar ideias ou dar continuidade a projetos.


2. O ciclo das apostas e interinos: 2017–2019

Nos anos seguintes, o clube manteve a tendência de rotatividade. Thiago Larghi, inicialmente como interino, ganhou oportunidade em 2018 e até mostrou potencial, mas não resistiu à pressão por resultados melhores. Logo após, Levir Culpi voltou em 2018, mas não repetiu o sucesso da primeira passagem e acabou saindo em 2019.

O comando passou então para Rodrigo Santana, que começou como interino e efetivado depois de bons resultados iniciais, mas que não conseguiu sustentar desempenho ao longo da temporada. Para fechar o ciclo, Vagner Mancini assumiu em 2019, conduzindo a equipe até o fim do ano sem grande brilho.

Esse período consolidou a imagem de um Atlético que não encontrava estabilidade. A constante troca de técnicos refletia na falta de padrão de jogo e em resultados irregulares. A torcida, exigente e apaixonada, pressionava a diretoria por soluções rápidas — um dilema que o clube carregaria até os anos seguintes.


3. A chegada dos estrangeiros e o choque de ideias: 2020–2023

A virada veio em 2020, com a chegada de Jorge Sampaoli. O argentino, conhecido por seu estilo ofensivo e intenso, deu nova cara ao Atlético. Sob seu comando, o Galo fez campanhas consistentes, conquistou o Campeonato Mineiro e voltou a disputar títulos de expressão. Apesar de não conquistar o Brasileirão, deixou um legado de organização tática e profissionalismo que serviu de base para o futuro.

Na sequência, em 2021, o retorno de Cuca mudou o patamar do clube. Em uma temporada histórica, o técnico conquistou a tríplice coroa: Campeonato Mineiro, Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil. Foi o ápice da década e um momento que entrou para a história do Atlético.

Mas, como é comum na trajetória do Galo, a instabilidade logo voltou. Após a saída de Cuca, o argentino Antonio “Turco” Mohamed assumiu em 2022, mas durou apenas alguns meses. O próprio Cuca retornou ainda naquele ano, mas não conseguiu repetir o brilho de 2021.

Em 2023, a aposta foi em Eduardo Coudet, outro argentino. O treinador conquistou o Campeonato Mineiro, mas teve conflitos com diretoria e jogadores, deixando o cargo no meio da temporada. Para substituí-lo, chegou Luiz Felipe Scolari, o lendário Felipão. Seu estilo mais pragmático contrastava com os técnicos anteriores, e, apesar de sua experiência, não conseguiu transformar o Galo em protagonista como se esperava.

Esse período é marcado pelo choque de filosofias: de Sampaoli a Felipão, o Atlético transitou entre estilos ofensivos modernos e abordagens tradicionais, refletindo a dificuldade do clube em definir uma identidade clara.


4. Gabriel Milito e a transição para o futuro (2024)

Em 2024, a diretoria trouxe Gabriel Milito, outro treinador argentino com ideias ofensivas e modernas. Sua chegada foi vista como uma tentativa de dar continuidade a um projeto semelhante ao de Sampaoli, mas com maior estabilidade.

Milito conquistou o Campeonato Mineiro de 2024, reforçando sua imagem positiva no início. No entanto, campanhas frustrantes na Libertadores e na Copa do Brasil desgastaram a relação com diretoria e torcida. A pressão levou à sua saída ainda no fim da temporada, confirmando mais uma vez a dificuldade do Atlético em sustentar projetos de longo prazo.

Apesar da saída, Milito deixou marcas no elenco, especialmente na utilização de jovens jogadores e na busca por um futebol mais propositivo. Para muitos torcedores, sua passagem foi curta demais para uma avaliação justa.


Treinador do Atlético Mineiro à beira do campo, camisa preta com detalhes laranja e ombros amarelos, olhar sério; fundo de estádio desfocado.
Cuca à beira do campo — foco e comando

5. O eterno retorno de Cuca: 2025 e perspectivas

No final de 2024, o Atlético anunciou mais uma vez o retorno de Cuca, agora para iniciar a temporada de 2025. O treinador, já ídolo histórico, assumiu a missão de reestruturar a equipe e resgatar o espírito vitorioso de 2021.

A escolha dividiu opiniões. Parte da torcida celebrou o retorno de um técnico que trouxe conquistas históricas, enquanto outra parte questionou a insistência da diretoria em recorrer ao mesmo nome, em vez de buscar novos rumos.

O desafio de Cuca em 2025 é grande: recuperar a confiança da torcida, dar estabilidade a um elenco pressionado por resultados e, acima de tudo, provar que ainda pode repetir o sucesso em um futebol cada vez mais competitivo.


Análise Geral: 10 anos de instabilidade

De 2015 a 2025, o Atlético Mineiro teve mais de 15 treinadores diferentes. Entre interinos, estrangeiros renomados e retornos de ídolos, o clube viveu um ciclo de instabilidade que refletiu diretamente em seus resultados.

Pontos Positivos:

  • Conquistas de peso, especialmente em 2021, com a tríplice coroa.
  • Experiências com técnicos estrangeiros que trouxeram novas ideias.
  • Capacidade de atrair nomes importantes do cenário mundial e nacional.

Pontos Negativos:

  • Falta de continuidade tática e filosófica.
  • Desgaste com a torcida devido à alta rotatividade.
  • Planejamento de longo prazo comprometido por mudanças frequentes.

O balanço mostra um clube que, apesar das conquistas, ainda busca equilíbrio entre o imediatismo por títulos e a construção de um projeto sólido de futebol.


Perguntas da Torcida

1. Por que o Atlético troca tanto de técnico?
A pressão por resultados imediatos é o principal fator. O clube tem uma torcida apaixonada e exigente, e a diretoria costuma ceder rapidamente às pressões, demitindo técnicos diante de eliminações ou campanhas abaixo do esperado.

2. Qual foi o técnico mais vitorioso do período?
Sem dúvida, Cuca em 2021, quando conquistou o Campeonato Mineiro, o Campeonato Brasileiro e a Copa do Brasil, alcançando a tríplice coroa — um feito histórico para o clube.

3. Existe chance de estabilidade em 2025?
A expectativa é que Cuca consiga estabelecer um projeto mais duradouro. No entanto, a realidade do futebol brasileiro mostra que a paciência é curta. Tudo dependerá dos resultados nas competições principais.


Apito Final

O Atlético Mineiro viveu, entre 2015 e 2025, um ciclo de transformações intensas no comando técnico. Se por um lado conquistou títulos importantes e manteve-se competitivo, por outro deixou de construir uma identidade de longo prazo devido à rotatividade constante.

Agora, com Cuca novamente à frente, o desafio é equilibrar tradição e futuro, paixão e paciência, para que o Galo siga voando alto no cenário nacional e continental.

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