Elenco do Corinthians celebra no pódio com arco roxo “CAMPEÃS 2025” e faixa “Brasileirão Feminino A1 2025”; jogadoras com medalhas erguem a taça; arquibancadas lotadas ao fundo.

Corinthians 1×0 Cruzeiro no Brasileirão Feminino

Eu cheguei à Neo Química Arena com a sensação de que a final seria decidida por detalhes — e foi exatamente isso que aconteceu. Depois do 2×2 no Independência, na ida, a volta tinha um roteiro cristalino: quem vencesse, ficava com a taça; novo empate levaria aos pênaltis. Às 10h30 da manhã, clima de decisão grande, mosaico nas arquibancadas e uma energia que, sinceramente, dá para sentir no concreto do estádio. No fim, o Corinthians venceu o Cruzeiro por 1×0, gol da Thaís Ferreira logo aos 4 minutos do segundo tempo, e escreveu mais um capítulo num livro que já está virando enciclopédia: heptacampeonato e sexto título seguido do Brasileirão Feminino. ESPN.com+1

E não foi “apenas” uma final. Foi final gigante, com 41.130 pessoas presentes (40.727 pagantes) e renda de R$ 1.237.699, números que ajudam a contar o tamanho do dia e a curva de crescimento da modalidade no país. Eu olhei ao redor, respirei fundo e anotei: “isso já não é mais exceção — é o novo normal do futebol feminino brasileiro”. O Tempo


Montagem do elenco e comissão do Corinthians feminino posados em frente ao escudo do clube; tipografia “HEP7A COM TUDO” e selo “Campeãs do Brasileirão 2025”.
HEP7A COM TUDO” | Campeãs do Brasileirão Feminino 2025

Antes de a bola rolar: meu contexto da final

Passei a semana revisitando a ida. O 2×2 em Belo Horizonte explicou muita coisa: intensidade das duas equipes, capacidade de reagir, e um detalhe que eu destacaria em qualquer pré-jogo — o Cruzeiro de Jonas Urias incomoda quando acelera curto e ataca o espaço entre lateral e zagueira; o Corinthians de Lucas Piccinato machuca quando recupera alto e transforma amplitude em chegadas dentro da área. Essa fotografia de 90 minutos na Arena Independência foi meu primeiro alarme tático: a volta seria sobre controle de território e segundas bolas. Meu Timão

Logística e cenário também pesavam: volta em São Paulo, casa cheia, horário matinal, cobertura nacional. Para mim, isso muda a temperatura emocional do jogo e a maneira como as equipes gerenciam energia e volume. Corinthians+1


Como os times começaram — e o que eu observei nos primeiros minutos

O Corinthians iniciou com Nicole no gol e uma linha defensiva listada com Tamires, Mariza, Thaís Ferreira e Érika. No meio, Dayana Rodríguez, Duda Sampaio e Andressa Alves; à frente, Jhonson, Jaqueline e Gabi Zanotti. É uma escalação que permite duas leituras: nominalmente, uma linha de quatro; com a bola, uma das defensoras baixa para a base e vira saída em três, liberando laterais e meias para posições mais agressivas. Eu vi isso já no primeiro giro de bola. Do lado do Cruzeiro, Camila no gol; Isabela, Isa Haas, Paloma Maciel e Vitória Calhau; Bedoya, Gisseli e Pri Back por dentro; Gaby Soares, Marília e Byanca Brasil na frente. Um desenho para competir por dentro e acelerar pelos lados, com Byanca como referência de último toque ou de segunda bola. O Tempo+1

Nos cinco primeiros minutos, anotei três sinais claros do Corinthians:

  1. Pressão pós-perda com raio curto (três jogadoras cercando o portador);
  2. Amplitude das pontas para esticar a última linha;
  3. Pivô da 9 para segurar zagueira e liberar a chegada das meias.

Essa tripla engrenagem empurra qualquer adversário para dentro da própria área se funcionar de modo contínuo — e, no domingo, funcionou na maior parte do tempo.


O primeiro tempo pelo meu caderno

A posse territorial foi majoritariamente alvinegra. O Cruzeiro, porém, não se escondeu: defendeu no bloco médio e respondeu em transições curtas quando recuperou limpo, especialmente pelo seu lado esquerdo. Duas notas minhas ajudam a resumir:

  • “Corinthians respira com posse, mas sofre quando perde o primeiro duelo lateral.”
  • “Cruzeiro progride quando aproxima o passe vertical da condução curta.”

A melhor chance não foi do time da casa. Aos 34′, depois de um bate-rebate, Gaby Soares acertou o travessão. Eu jurava que a bola tinha entrado — o estádio prendeu a respiração junto. Foi o aviso mais sério de que a final estava desenhada no detalhe e que qualquer erro seria punido. ESPN.com

Fechei o primeiro tempo com a sensação de que:

  • o Corinthians tinha mais controle do território, mas precisava caprichar no último passe;
  • o Cruzeiro estava vivo, com faíscas de perigo quando conseguia inverter rápido e atacar as costas das laterais.

O gol do título: jogada que eu vi se repetir

Logo no 4º minuto do segundo tempo, a fotografia perfeita do Corinthians de ideias e execução: Tamires cruza da esquerda, a bola sobra na meia-lua, Duda Sampaio finaliza e Camila espalma; no rebote, Thaís Ferreira aparece como elemento-surpresa e empurra para a rede. Quase escrevi “gol coletivo” no caderno. Eu entendo que gole se credita a quem finaliza por último, mas aqui a cadeia de ações é que explica tudo: amplitude + presença de área + segunda bola vigiada. ESPN.com

Depois do 1×0, a decisão entrou no território que mais testa times campeões: administrar sem recuar demais. As Brabas diminuíram meio passo de altura, fecharam o funil central e só aceleravam quando havia vantagem posicional. Ainda assim, o Cruzeiro teve o seu grande momento de empate, em lance que terminou para fora (e que, de toda forma, seria invalidado por impedimento). Foi o suficiente para a Arena compreender que nada estava ganho — e para o Corinthians manter a concentração até o apito final. ESPN.com


O jogo visto por setores: onde, para mim, morou a diferença

Saída de bola e base da construção: quando precisava progredir, o Corinthians alternava a base com 3 jogadoras, às vezes com uma lateral baixando; outras, com a volante se encaixando entre as zagueiras. Isso confunde marcações e abre corredor para o passe vertical. Do outro lado, o Cruzeiro tentou pressionar a primeira bola, mas, quando não roubava, ficava com campo grande às costas — e aí a bola viajava de um lado a outro até achar cruzamento ou infiltração.

Meio-campo e entrelinhas: Duda Sampaio foi termômetro de tempo e direção; Dayana sorriu quando conseguiu encurtar o campo pós-perda; Andressa deu pausa e leitura. Por parte do Cruzeiro, Gisseli e Pri Back sustentaram o duelo físico e permitiram que Byanca recebesse com alguma condição. A diferença esteve no volume de repetições: o Corinthians repetiu seus padrões mais vezes.

Laterais e corredores: Tamires foi plataforma de cruzamentos, sobretudo na construção do lance do gol. O Cruzeiro buscou seus melhores minutos quando inverteu rápido para a ponta aberta com apoio por dentro — aí a defesa corinthiana precisou de coberturas perfeitas das zagueiras, e teve.

Área e rebote: padrão de primeira trave atacada + segunda trave ocupada + zona do rebote controlada. É um aspecto do jogo de que eu sou fã, porque, em finais, a segunda bola define destino. O gol de Thaís Ferreira é o carimbo dessa tese. ESPN.com


As trocas e a gestão de energia (anotação de campo)

No Corinthians, a entrada de peças de fôlego manteve pressão no homem da bola e protegeu transições. Essa gestão permitiu que o time não perdesse estrutura quando precisava baixar bloco. No Cruzeiro, as tentativas foram para abrir o campo e encher a área. Chegou perto na reta final, é verdade, mas faltou capricho no último gesto.

A impressão que fica para mim é de um Corinthians que soube modular o ritmo — ora acelerando, ora pisando no freio — sem cair na armadilha de recuar em demasia. Essa maturidade de final não nasce do nada; é clássico de equipe que viveu muitas decisões.


Fatos e números que sustentam a narrativa do dia

  • Resultado e título: Corinthians 1×0 Cruzeiro, gol de Thaís Ferreira; hepta nacional e sexto consecutivo. ESPN.com
  • Público e renda: 41.130 presentes, 40.727 pagantes, R$ 1.237.699 de renda — recordes que ajudam a dimensionar a final. O Tempo
  • Contexto da ida: 2×2 no Independência, jogo aberto e quente, que deixou a volta absolutamente decisiva. Meu Timão
  • Serviço da decisão: Neo Química Arena, 10h30 — palco e horário definidos previamente, com amplo interesse da mídia e do público. ge

Quem desequilibrou (minhas escolhas individuais)

  • Thaís Ferreira — Pelo gol, claro, mas também pela concentração defensiva e leitura de coberturas. Em finais, zagueira que decide no ataque vira personagem. ESPN.com
  • Tamires — Entregou volume no corredor e claridade para cruzar. No lance do gol, a jogada nasce do lado dela e ajuda a desorganizar a linha celeste. ESPN.com
  • Duda Sampaio — A batida no lance que gera o rebote do gol é símbolo do que fez o jogo todo: chegou no espaço certo e obrigou a defesa a responder. ESPN.com
  • Gaby Soares (Cruzeiro) — Representa a ameaça real das Cabulosas no primeiro tempo; o chute no travessão foi o momento em que o estádio inteiro entendeu que o jogo não estava sob controle. ESPN.com

O que muda a partir daqui

Para o Corinthians
O heptacampeonato não é só número bonito: é lastro competitivo. Eu enxergo três efeitos práticos:

  1. Confiança para manter ideias de jogo (pressão alta, amplitude e ocupação de área);
  2. Rotação de elenco com manutenção de identidade — quando as peças entram, a estrutura permanece;
  3. Atratividade esportiva e de mercado — o projeto ganha musculatura para captar investimento e formar talento de modo sustentável. Tudo isso embala a temporada e aumenta a régua de cobrança — o sarrafo agora é altíssimo. ESPN.com

Para o Cruzeiro
A campanha é histórica. O time chegou onde nunca tinha chegado e competiu de igual para igual por 180 minutos. Para transformar essa experiência em títulos, os meus três pontos de melhoria são:

  1. Repetição das transições curtas — quando funcionou, doeu no Corinthians; faltou acontecer mais vezes;
  2. Qualidade do último passe — especialmente quando se aproxima da quina da área;
  3. Bola parada defensiva (sobra) — o rebote precisa estar desenhado e treinado à exaustão, porque segundas bolas decidem finais. A boa notícia? Tudo isso é treinável e escalável para a próxima janela de decisões. Meu Timão

Tática em três quadros (meu “diagrama em palavras”)

  1. Saída 3+2 do Corinthians: três na base, duas por dentro para dar linha de passe; pontas abertas e 9 fixando zagueira → cruzamento rasteiro ou corte para trás para quem vem de frente.
  2. Bloco médio mineiro: quando as linhas se mantiveram compactas e o 1º volante encurtou o passe entrelinhas, o Cruzeiro controlou a zona perigosa; os problemas vieram quando precisou correr para trás.
  3. Área e rebote: 9 no primeiro pau, ponta oposta no segundo, meia na meia-lua — a fotografia do gol sintetiza isso.

Lances anotados (sem minutagem rígida, com foco no comportamento)

  • Pressão perfeita: perda no terço final, três alvinegras fecham o portador, roubam e finalizam em três toques.
  • Travessão celeste: Gaby Soares testa a trave e lembra a Arena que final é sobre detalhe. ESPN.com
  • O gol: Tamires cruza, Duda finaliza, Camila defende, Thaís guarda. Mecânica de manual: amplitude + rebote controlado. ESPN.com
  • Respiro estratégico: vitória parcial, bloco um pouco mais baixo, funil central fechado e posse para gastar relógio sem perder a bola de segurança.
  • Último susto: bola do Cruzeiro para fora no fim (lance depois invalidado por impedimento). A prova de que a final ficou viva até o último instante. ESPN.com

Perguntas rápidas que eu recebi (e respondo aqui)

Quem fez o gol?
Thaís Ferreira, aos 4’ do segundo tempo, completando rebote após finalização de Duda Sampaio em jogada que começou com Tamires pela esquerda. ESPN.com

Qual foi o placar da ida?
2×2, no Independência, com casa cheia e temperatura competitiva altíssima. Meu Timão

Teve público grande na final?
Sim: 41.130 pessoas (40.727 pagantes), com renda de R$ 1.237.699. Números que contam a dimensão do momento. O Tempo

É mesmo hepta? E consecutivo?
Sim: heptacampeonato do Corinthians e sexto título consecutivo do Brasileirão Feminino. É hegemonia com “H” maiúsculo. ESPN.com

Por que, na sua visão, o Corinthians venceu?
Porque controlou território por mais tempo, reagiu melhor à perda da posse e cuidou da segunda bola com obsessão — exatamente o tipo de detalhe que finais cobram.


Apito final

Eu saí do estádio com duas convicções. A primeira: ideia + repetição ainda vencem jogo grande. O Corinthians não apresentou nada “mirabolante”; apresentou um manual de boas práticas aplicado com paciência e confiança. A segunda: o Cruzeiro não foi um coadjuvante — competiu, criou, ameaçou e deixou claro que não chegou por acaso à final. Para dar o passo seguinte, precisa converter bom desempenho em gestos mais precisos na zona de decisão.

No agregado, a final de 2025 entrega muito mais que uma taça: entrega uma fotografia do estágio atual do futebol feminino brasileiro — estádios cheios, projetos que se medem por processos e uma torcida que já entende que domingo de manhã na Neo Química Arena também é dia de futebol grande. Como cronista e como quem ama o jogo, eu só posso registrar: é especial estar vendo isso acontecer ao vivo.

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